quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Reféns do consumo

Nascida no Rio de janeiro em 1935, Sônia Andrade começou a sua trajetória com as artes plásticas perto dos 40 anos. Estudou com a artista Maria Tereza Vieira, Anna Bella e, então, decidiu organizar um grupo com Fernando Cocchiarale  e outros artistas como, Ana Vitoria Mussi, Anna Bella Geiger, Leticia Parente, Miriam Danowski, Ivens Machado, Paulo Herckenhof.
Durante a visita ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, conhecemos a exposição “… às contas”, uma instalação criada especificamente para o espaço do Museu pela artista Sonia Andrade, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. A artista organiza em nove colunas, com cerca de 4 metros de altura cada, todas as contas que acumulou entre 1968 e 2018. Contas pagas de serviços básicos, como água, luz, gás, telefone, televisão, internet e celular. Essas contas foram posicionadas em ordem cronológica e presas por correntes. E ficamos "às contas" imaginando quantas contas seriam, mas não fazemos ideia.
É interessante perceber como os valores quantificados mudam com o tempo, assim como novos tipos de contas aparecem, como a internet e celular, que hoje "são básicos" também. Outras necessidades de consumo foram criadas das quais não conseguimos mais nos desvencilhar. Portanto, nota-se novamente os valores mudando, mas desta vez, no sentido figurado da palavra.
A obra nos chamou atenção por conta (haha!) de como nós, que fazemos parte da sociedade capitalista, lidamos com as necessidades básicas e o consumo, e como o dinheiro, que supostamente nos daria maior liberdade, nos aprisiona.


Estendendo a reflexão, perguntamo-nos o que é básico para a sobrevivência hoje. Não é que não possamos ter celular e internet, não é isso. Mas por quê faz-se parecer que precisamos mais, e cada vez mais? Diferente de querer, "precisamos". Precisamos substituir o nosso celular em boas condições por outro mais recente, precisamos ter o novo tênis de marca e por aí vai.
Tornamo-nos, dessa maneira, ou escravos do consumo, ou das dívidas. Se não consumimos, somos invisíveis, mas se consumirmos como "devemos" nos endividamos. Correntes por todos os lados. Quais serão as chaves para nos libertarmos dessas correntes?

Por: Arielly Albuquerque, Beatriz de Paula e Jacklyn

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