sábado, 14 de setembro de 2019

Rio dos Navegantes


Vidas negras, ironia e violência

 A primeira das aulas em museus aconteceu no Museu de Arte do Rio (MAR), lá visitamos a mostra ‘’O Rio dos Navegantes’’, principal exposição do centro cultural em 2019. O evento convida o público a refletir sobre os modos de vida que formaram o Rio de Janeiro desde o século XVI. A mostra reúne cerca de 550 peças históricas e contemporâneas, entre pinturas, fotografias, vídeos, instalações, objetos, documentos, esculturas, etc.
Passando por diversas obras, chamou bastante atenção do grupo as de autoria do artista plástico Sidney Amaral. Com um traço cru e agressivo, o quadro de um homem negro crucificado por vassouras e tijolos era notável de longe.

A Laje, 2012

O peso da imagem nos fez refletir sobre o conflito racial vivido no Brasil desde sua colonização. Afinal, pretos e pardos compõem mais da metade da população brasileira, porém, essa porcentagem não se aplica em locais como universidades, grandes empresas e até mesmo museus. Ao pensarmos arte contemporânea brasileira, somos direcionados a manifestações artísticas brancas embebidas de referências norte-americanas e europeias em que, em grande parte, não há espaço para a reflexão e o lugar de fala de narrativas negras dentro da história da arte e da cultura.
Para pensar e problematizar arte, estética, educação, questões identitárias e subjetividades negras, o artista visual e professor Sidney Amaral nos aproximam de situações contraditórias, violentas de uma sociedade brasileira racista marcada no cotidiano de pessoas negras. A sua produção perpassa, rompe, dialoga com modos de criação bastante particulares que se dividem e se complementam entre escultura-objeto-pintura.

Sidney Amaral, artista plástico

Nascido em 1973, o artista traz em suas obras o que é do cotidiano, das minúcias ao corriqueiro, da fragilidade a brutalidade, a violência, a delicadeza, as transformações e relações que cria com o fazer artístico e sua experiência enquanto homem negro.

Em janeiro de 2017 descobriu um tumor cancerígeno incurável no pâncreas, no qual fez tratamentos priorizando prolongar sua vida com a melhor qualidade e menos dores possíveis. Faleceu dia 20 de maio de 2017, aos 44 anos de idade. Porém, suas obras e legado permanecem mais fortes do que nunca em um Brasil onde a cada dia, mais notícias do racismo estrutural que marca a sociedade invadem o noticiário
Gargalheira ou quem falará por nós?, 2014  




Por: Gabriel Araujo, Gabriel Hanstenreiter, Marcelo Lavigne e Pedro Duque.     

Nenhum comentário

Postar um comentário

© Comunicação e Artes
Maira Gall