Vidas negras, ironia e
violência
A primeira das aulas em museus
aconteceu no Museu de Arte do Rio (MAR), lá visitamos a mostra ‘’O Rio
dos Navegantes’’, principal exposição do centro cultural em 2019. O evento convida
o público a refletir sobre os modos de vida que formaram o Rio de Janeiro desde
o século XVI. A mostra reúne cerca de 550 peças históricas e contemporâneas,
entre pinturas, fotografias, vídeos, instalações, objetos, documentos,
esculturas, etc.
Passando por diversas obras, chamou bastante atenção do grupo
as de autoria do artista plástico Sidney Amaral. Com um traço cru e agressivo,
o quadro de um homem negro crucificado por vassouras e tijolos era notável de
longe.
A Laje, 2012
O peso da imagem nos fez refletir sobre o conflito racial
vivido no Brasil desde sua colonização. Afinal, pretos e pardos compõem mais da
metade da população brasileira, porém, essa porcentagem não se aplica em locais
como universidades, grandes empresas e até mesmo museus. Ao pensarmos arte
contemporânea brasileira, somos direcionados a manifestações artísticas brancas
embebidas de referências norte-americanas e europeias em que, em grande parte,
não há espaço para a reflexão e o lugar de fala de narrativas negras dentro da
história da arte e da cultura.
Para pensar e problematizar arte, estética, educação,
questões identitárias e subjetividades negras, o artista visual e professor
Sidney Amaral nos aproximam de situações contraditórias, violentas de uma
sociedade brasileira racista marcada no cotidiano de pessoas negras. A sua
produção perpassa, rompe, dialoga com modos de criação bastante particulares
que se dividem e se complementam entre escultura-objeto-pintura.
Sidney
Amaral, artista plástico
Nascido em 1973, o artista traz em suas obras o que é do
cotidiano, das minúcias ao corriqueiro, da fragilidade a brutalidade, a
violência, a delicadeza, as transformações e relações que cria com o fazer
artístico e sua experiência enquanto homem negro.
Em janeiro de 2017 descobriu um tumor cancerígeno incurável
no pâncreas, no qual fez tratamentos priorizando prolongar sua vida
com a melhor qualidade e menos dores possíveis. Faleceu dia 20 de maio de 2017,
aos 44 anos de idade. Porém, suas obras e legado permanecem mais fortes do que
nunca em um Brasil onde a cada dia, mais notícias do racismo estrutural que
marca a sociedade invadem o noticiário
Gargalheira ou quem falará por
nós?, 2014
Por: Gabriel Araujo, Gabriel Hanstenreiter, Marcelo Lavigne e Pedro
Duque.
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