quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Macunaíma




Escolhemos esse pôster do filme Macunaíma porque ele engloba arte e literatura em uma única obra. Falar sobre Macunaíma é falar sobre Modernismo, um movimento que buscava valorizar o que é brasileiro e original tanto quanto fosse possível. 
Na literatura, houve a preocupação de registrar o folclore e o vocabulário brasileiro, características muito presentes no livro escrito por Mário de Andrade. Escrita em seis dias, a obra fala sobre um herói sem nenhum caráter, cujas primeiras palavras – tardias, aos seis anos – são “Ai, que preguiça!”. O personagem, índio e negro, passa sua infância numa tribo amazônica e cresce depois de ter caldo de aipim derramado sobre seu corpo. Ele “brinca” com as mulheres de seu irmão; se encontra com Curupira (de quem come um pedaço da perna); se apaixona por Ci, com quem tem um filho que logo morre por mamar no mesmo seio que a Cobra Preta; se banha na poça do pé do gigante Sumé e se torna branco; vai para São Paulo após sua amada virar estrela; luta com um gigante para resgatar seu amuleto; morre e é trazido a vida por uma formiga e um carrapato... e muito, mas muito mais. 
O pôster, brilhantemente ilustrado por Anísio Medeiros, mostra diversos desses personagens de uma forma tão irreverente que captura a essência do livro e do filme. O artista, de Teresina, era arquiteto; professor; cenógrafo e figurinista. Também assinou a cenografia e o figurino do filme, pelo qual recebeu prêmios por seu trabalho no IV Festival de Brasília e no I Festival de Manaus. 
Lançado em 1969, o longa de estilo anárquico e extravagante foi dirigido por Joaquim Pedro de Andrade e protagonizado por Grande Otelo e Paulo José. Sua história apresenta algumas diferenças do enredo do livro, como a ausência de poderes do protagonista. O diretor explica que fez um filme propositalmente sem estilo sobre um brasileiro que foi comido pelo Brasil. Como era de se esperar pelo ano de seu lançamento, recebeu diversas censuras e classificação indicativa de 18 anos. Dez anos depois foi relançado, dessa vez sem cortes, como explicitado no pôster. 
É imensurável a importância de Macunaíma para a cultura brasileira. Tanto o autor quanto o diretor fizeram críticas pontuais à sociedade no momento de seus respectivos lançamentos e buscaram questionar e ao mesmo tempo resgatar a ideia de uma identidade cultural brasileira. 

Por: Ingrid Lima, Isabella Mendes e Laysa Cury.

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