segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Fluxos

No dia 28 de agosto de 2019 a turma de Comunicação Social da ECO-UFRJ foi convidada a participar da ilustríssima exposição fotográfica do artista contemporâneo Luiz Baltar com a curadoria de Marcia Mello. A exposição -denominada Fluxos e que teve sua sede no Centro Cultural Hélio Oiticica- é uma ressignificação dos espaços pouco representados por meio da união entre a fotografia e a gravura.

Nascido na Zona Norte do Rio de Janeiro, Luiz Baltar se formou em 1997 em Gravura pela Escola de Belas Artes/UFRJ , também é formado em fotografia documental pela Escola de Fotógrafos Populares  , é pós-graduado em Fotografia e Imagens pela UCAM e se encontra na pós-graduação em Artes Visuais na Escola de Belas Artes/UFRJ. Em 2009, começou a fotografar o cotidiano, ocupações militares  nas favelas cariocas e seus projetos são focados em mostrar o território em si, cultura e o direito à cidade. O artista é interessado em manifestações sociais , mobilidade urbana e direito à moradia.O fotógrafo documentarista acredita na fotografia como forma de expressão ativista e crítica, daí sua busca em estabelecer um diálogo entre fotografia e questões sociais, sobretudo no que diz respeito ao olhar sobre a cidade.
Em 2012, o artista começou seu projeto "'Fluxos'', que se consiste em uma série de fotografias, feitas pelo celular do fotógrafo ,durante seu percurso no ônibus, com o intuito de mostrar ao público um Rio de Janeiro que não é visto por todos, que não tem uma grande popularização, apesar de apresentarem uma grande história para a construção dessa cidade. Assim, tal exposição ganhou um dos principais prêmios no ano de 2015 ,Prêmio Conrado Wessel, o qual ficou em 1º lugar e também ganhou o Prêmio do Brasil. 
A partir do supracitado observamos a relação do autor com a sua exposição, mas as suas obras também tem particularidades que precisam ser observadas de forma individual. A exposição é composta por várias fotos tiradas no centro, zona norte e periferia do Rio de Janeiro que foram compiladas de forma a se assemelhar a um tipo fotográfico denominado “panorâmico”. A série incorpora o uso do preto e branco permitindo que o devido destaque seja dado a todo o ambiente, além disso é possível perceber que os espaços e tempos são alternativos. O modo de exposição das imagens nos guia a perceber aquele espaço de outras perspectivas, é evidenciado uma cidade ao mesmo tempo reativa e colaborativa.


Uma das imagens que chamou a atenção do grupo é de um antigo barracão de alegorias da
Mangueira; uma paisagem que antes dessa exposição todos nós já havíamos visto, fazendo parte
do nosso trajeto diário. Todavia, ao ver a perspectiva em que foi colocada a imagem, em seu preto e
branco sem as cores da famosa escola de samba, uma outra visão foi atribuída a esse espaço, a
histórica. A mangueira além das suas cores nos veio à mente, mais especificamente o Morro da
mangueira, aquele sem o verde e rosa, que em seu início serviu de morada para escravos
alforriados e nos tempos atuais abriga milhares de famílias em situação de carência
socioeconômica. É imprescindível citar que após a exposição uma das estudantes que compõem o
grupo foi pessoalmente a mangueira e descobriu que esse espaço foi reinventado pela própria
escola de samba, após muitos anos de abandono e constantes invasões a Estação Primeira de
Mangueira demoliu o que antes ali existia e reconstruiu o espaço, dando a ele a suas famosas
cores e verde e rosa. Sendo assim, o registro do artista Luiz Baltar é uma das poucas obras que
mantém viva a história do que antes havia ali.
Para finalizar, o grupo se sentiu afetado de várias formas ao ver a exposição, mas principalmente,
pela proximidade e o afastamento simultâneo das fotos nos nossos dias. O fato de sempre vermos
aqueles locais fotografados e nunca darmos a devida atenção -por estarmos na correria do dia-a
dia - fez com o que sentíssemos que ,apesar de morarmos na cidade fotografada e temos contato
com os locais escolhidos para a obra, não conhecêssemos realmente o Rio de Janeiro em todas as
suas variações. Também reparamos no quão explicita fica a segregação feita na cidade através dos
registros feitos pelo artista, que com apenas uma câmera do seu celular, conseguiu mostrar  uma
ideia de cidade maravilhosa que poucos têm contato.

Grupo: Larissa Santos, Rafaela Bellini, Victor Ventura e Ingrid Vieira

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