terça-feira, 17 de setembro de 2019

SOBRE A ARTE / DIGA CONOSCO: BU-RO-CRA-CIA






Anna Bella Geiger é uma carioca nascida em 1933, considerada uma das artistas brasileiras mais importantes do país. Formada em língua e literatura anglo-germânicas, a mesma inicia sua vida artística quando começa a estudar no ateliê de Fayga Ostrower. Em seu currículo ainda constam algumas aulas no MET (Metropolitan Museum of Art) e cursos na New York University. Ela ainda lecionou por três anos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ministrou algumas aulas na Columbia University,  recebeu um bolsa da John Simon Guaggenheim Memorial Foudation, e mais tarde publica um livro com Fernando Cocchiarale (1987) falando sobre abstracionismo. É importante também ressaltar que a Geiger além de pintora e professora, também era escultura, gravadora, desenhista, e artista intermídia. Entre seus prêmios estão uma medalha de ouro do XX salão Paranaense de Belas Artes, em 1963 e uma Menção de Honra na VI Bienal Internacional de Cuenca, no Equador. Atualmente, ela leciona na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro

Como consagrada artista do abstrato brasileiro, a obra de Anna Bella Geiger realizada no final dos anos 70, marca uma sua transição para uma linguagem mais experimental, entre diversas outras obras que misturam a gravura, a pintura e fotomontagem e vídeo.

Com esse quadro, a artista nos mostra que sua arte possui inquietações não só em relação à sua natureza pessoal/individual, mas com o contexto em que a sua obra se dá, mostrando que não tem como separar a criação do momento histórico em que ela se produz. O quadro representa uma crítica à forma em que a linguagem artística é utilizada, para isso, lançando mão de outros elementos alheios às artes plásticas. Pode-se usar como exemplo o uso de palavras escritas que expressam inequivocamente a opinião da artista sobre essa questão, denunciando a burocracia que, porventura, a mesma enfrentava dentro daquele contexto da época, sendo mulher, artista em um país sob o domínio de uma ditadura. E, ainda, a representação das gravuras que reproduzem essa fala, (cada imagem estaria representando uma sílaba da palavra "burocracia"). Todos os diferentes componentes que a autora lança mão para que sua obra transcenda da tela, deixando de ser simplesmente arte vazia, sem cumprir um papel de denunciar o seu tempo.

Além da burocracia referente à condição de ser mulher, também há uma crítica a burocracia no sentido de como a arte é entendida. Questiona o que é a arte através de uma crítica à arte mimética e a pintura de cavalete.

A obra de Anna Bella Geiger expõe uma problemática muito importante de ser debatida: a burocracia. E nela são um empecilho para todas as classes e diversidade, como visto na pintura. É importante analisarmos essa obra dentro da disciplina, uma vez que a burocracia afeta o dia a dia do artista e, também, estando muito presente na temática das migrações, que muitas vezes impedem a chegada de pessoas aos seus destinos.


Por: Anna Toledo, Thycianne Sant'Ana, Leticia Ribeiro, Maria Luisa Mello e Paula Cardeal

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