quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Atlântico negro, Oceano vermelho



No dia 21 de Agosto de 2019, a turma de Comunicação Social da UFRJ, em visita guiada pela professora Katia Maciel, teve a oportunidade de apreciar variadas obras de artistas consagrados no Museu de Arte do Rio, em especial, a exposição “Rosana Paulino: a costura da memória”, sendo a maior exposição da carreira da artista, reunindo 140 obras produzidas em 25 anos.

 Dentre as diversas obras da artista, Atlântico Negro, de 2017, chamou nossa atenção pela sua violência gráfica intrínseca a realidade dos povos africanos escravizados, sendo representada pelas linhas vermelhas que simbolizam todo o sangue derramado nessa época. Não menos importante, as gravuras são costuradas umas as outras, e os homens e mulheres retratados tem seus rostos desfigurados ou censurados denotam como esses povos tiveram suas identidades e raízes roubadas e delegados todos a se tornarem apenas mercadorias. 

A artista se utiliza de várias técnicas para a composição dessa obra, sendo elas impressão digital sobre tecido, recorte e costura. Ela subverte esses elementos tradicionalmente associados ao cotidiano do universo feminino e os tornam marcas de violência, rompendo com a ideia de passividade a eles associados. 

 “Atlântico vermelho” visa a retratar a realidade social vigente e baseada em conflitos existênciais. A intensa pesquisa realizada pela autora mostra que há uma preocupação pessoal no que tange à representação de suas obras, uma vez que a mensagem a ser transmitida deve ser relacionada com esses conflitos. Sua intenção, no entanto, é de causar uma reflexão no observador da obra, uma vez que ressalta o papel da mulher na sociedade, a questão do gênero e inclusão social de negros. Desse modo, a autora busca compor sua obra com elementos que remetem à tragetória histórica dessas minorias, uma vez aue utiliza-se da arte têxtil, por exemplo, para representar o universo feminino.

Rosana Paulino é pesquisadora, educadora e artista visual negra de 52 anos, é paulista e Doutora em poéticas visuais pela Escola de Comunicação e Artes da USP e especialista em gravura pelo London Print Studio. Em 2011, recebeu o 1º Prêmio Nacional de Expressões Afro-Brasileiras. Recentemente, em entrevista para o Jornal O Globo, Rosana disse: “A arte negra não é uma onda, não é “boom”, não é moda, isso é o Brasil.”



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