terça-feira, 17 de setembro de 2019

Fluxos


A base para exposição Fluxos se desenvolveu há muitos anos, quando Luiz Baltar inicia a documentação dos trajetos que percorre diariamente entre as áreas de zona norte, centro e periferia do Rio de Janeiro - tudo em seu celular e dentro de um ônibus. Em fotografias panorâmicas únicas que compilam esse trajeto, o artista tem como intuito trazer para o público uma crônica visual do cotidiano de muitos cariocas, uma visão do Rio de Janeiro muito além do típico cartão postal.




É muito importante antes de se analisar uma obra, compreender um pouco sobre a vida do autor que criou. Fotógrafo documentarista e morador da Zona Norte do Rio de Janeiro, Luiz Baltar é um grande desenvolvedor de projeto de caráter crítico com o intuito de questionar as questões sociais que envolvem o cotidiano das pessoas. Além disso, o mesmo contribui com diversas publicações nacionais e internacionais, através de matérias e fotos relacionadas aos direitos humanos.

Ainda analisando sua história, é possível perceber que ele possui um currículo acadêmico extenso. Iniciando sua vida na Escola de Fotógrafos Populares da Maré, passa por uma graduação em gravura, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais, ambos da Escola de Belas Artes da UFRJ, são apenas algumas de suas qualificações. Ele ainda ganhou um dos principais prêmios de fotografia do ano de 2015, o Prêmio Conrado Wessel e Prêmio Brasil. Cabe ainda ressaltar que seu trabalho iniciou-se em 2009, quando começou a fotografar as remoções forçadas de pessoas e ocupações militares em favelas do Rio de Janeiro, tendo como temas principais os territórios, direito à cidade e a cultura.

Na série de fotografias “Fluxos”, o artista evidencia seu universo, retratando o cotidiano duro da cidade, mais especificamente de espaços periféricos, da zona norte e do centro da cidade, apontando questões em que se encontra imerso, de acordo com a sua realidade. 

 Isso mostra  que a arte da fotografia não possui uma natureza própria, como disse Barthes, um “gênio próprio”, não subsiste sem o sujeito, paisagem  que representa. O olhar é diretamente direcionado para aquelas imagens que passam a ser por si o objeto da fotografia. Nos leva a conhecer mais sobre o autor e o que ele pretende denunciar com a escolha de tema específico. Nesse sentido, a fotografia cumpre um papel social, de fazer conhecer um momento isolado, que é congelado no tempo, e repetí-lo mecanicamente, para dar acesso a um número infinito de espectadores, que do contrário poderiam não ter conhecimento de tais fatos.

 A importância de usar a fotografia como um instrumento de denúncia, tal como faz o autor, faz com que essa arte se desprenda da sua característica técnica, que já não é o mais importante, pois que se utiliza da câmera de um celular, tecnicamente rudimentar e os sujeitos/paisagens fotografados passam a ter vida própria, angariando um novo significado para essa forma de arte.


Em uma de suas fotografias, o artista registra um transporte coletivo, que além de carregar centenas de passageiros por dia, carregam muitas histórias e faz parte da história de seus usuários. dentro desses transportes é possível notar a diversidade, diversidade de realidades, rotinas e de histórias. o transporte público faz parte do cotidiano de grande parte da população. retratar um transporte de massa, é retratar a realidade das massas. de quem acorda cedo todos os dias, enfrenta o trem lotado para o trabalho, estudo…; que encara a vida com simplicidade e boa vontade.

A exposição Fluxos representa, como mesmo o autor explicitou, o movimento pendular. Ele retrata, por meio de fotografia, uma forma de migração, em bem menor escala. Relacionando com a disciplina de Comunicação e Artes, é perceptível a criação e a representação da arte neste caminho percorrido todos os dias por muitos cidadãos. A migração resulta, portanto em uma realidade muito presente atualmente, e, representá-la na contemporaneidade é imprescindível.

Por: Anna Toledo, Thycianne Sant'Ana, Leticia Ribeiro, Maria Luisa Mello e Paula Cardeal

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