A exposição “Fluxos” de Luiz Baltar, tendo como curadora Marcia
Mello, apresenta de maneira inovadora a visão do Rio de Janeiro. Apesar de, muitas
vezes, a cidade ser representada por seus pontos turísticos mais marcantes,
como as praias e as montanhas, ou até mesmo pelas favelas, geralmente
associadas à violência e pobreza, o artista foge do estereótipo do Rio
normalmente mostrado ao público que não mora na cidade. Com o celular, Luiz
Baltar se propôs a tirar fotos de seu trajeto por alguns lugares como a Zona Norte
e o Centro, fazendo a colagem destas até obter uma visão panorâmica em preto e
branco. A ausência de cor nas fotos, tecnicamente mais fácil para fazer a
junção das fotos, conferiu à obra um ar artístico que possibilita diversas
interpretações e remete a uma cidade atemporal. Além das fotografias, que estão
presentes nas quatro paredes, há pequenos versos ao longo da exposição, o que
torna a experiência ainda mais reflexiva e poética.
Em algumas fotos são demonstrados lugares onde se faz muito
presente a desigualdade interna, como prédios altos e majestosos ao fundo, com
vidros em toda a sua extensão, ao mesmo tempo em que há construções decadentes,
aparentemente abandonadas e com pichações. Ao mesmo tempo em que abre
possibilidades de um olhar mais questionador e denunciador dos problemas ao
longo de seu caminho, também parece querer exprimir apenas um olhar verídico e
sem máscaras do Rio de Janeiro.
Baltar foca tanto no lugar em que está fotografando, seu
trajeto diário, quanto nas pessoas que fazem parte dele. Ele insere uma humanização
no projeto que tem como ponto principal mostrar um lugar, uma cidade bastante
conhecida vista por outra perspectiva, a do carioca. Enquanto algumas pessoas
não sorriem e somente observam a vista das paisagens retratadas pelos olhos de
Luiz Baltar, outras exprimem sua felicidade e leveza sem nem ao menos olharem
para a câmera, focadas nos momentos simples e alegres da vida. As pessoas
expostas são justamente aquelas menos reconhecidas, que não têm suas histórias
contadas e puderam, através da obra desse artista, expor pelo menos um pouco de
quem são e seus próprios fluxos.
Por: Enzo Santoro, Pedro Fernandes, Letícia Gomes, Mayke de Aquino e Julia Menezes.
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