domingo, 8 de setembro de 2019

A JORNADA QUE PERDURA


      Na primeira semana visitamos o Museu de Arte do Rio (MAR), que se localiza na região portuária da capital fluminense, e a obra que mais chamou atenção do grupo foi ‘A Jornada dos Jangadeiros’, de Orson Welles. Tal produção conta a história de um grupo de pescadores; Manoel Olímpio Meira (Jacaré), Raimundo Correia Lima (Tatá), Manuel Pereira da Silva (Mané Preto) e Jerônimo André de Souza (Mestre Jerônimo) que em 1941 saiu de Fortaleza, capital cearense, com destino a então capital do país, a cidade do Rio de Janeiro, com o intuito de trazer ao presidente Getúlio Vargas suas reivindicações de direitos trabalhistas para os jangadeiros.


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Jacaré, Tatá, Mané Preto e Mestre Jerônimo em foto de 1942.

      A coragem de alguns que vieram em nome de muitos, mas que representavam toda uma população e que buscava direitos que já deveriam ser seus, uma busca por dignidade enquanto seres humanos. O ato de bravura e luta caracteriza bem a necessidade do povo brasileiro ao menos pelo mínimo de justiça, de uma população em sua grande maioria pobre e deixada de lado pelas classes mais abastadas e de governantes da época.
     No entanto, infelizmente, a simbologia do ato não foi o suficiente para a mudança efetiva do cenário das classes mais pobres do Brasil e, sobretudo do nordeste, que cada vez mais teve e ainda tem sua população migrando para outras partes do Brasil, majoritariamente a sudeste, em busca de melhores empregos e condições de vida no geral. Nos anos 50, a migração foi recorrente para os estados de Rio de Janeiro e São Paulo, pois eram os dois pólos industrializados da época. Posteriormente, a construção de Brasília e a expansão da fronteira agrícola para o norte e centro-oeste, foram os fatores determinantes para atrair o fluxo migratório para estas regiões, as quais todas demandam mão de obra barata para realização de serviços precarizados. Portanto, mesmo o povo nordestino com toda sua determinação e valentia que os trouxe até mesmo ao Rio de Janeiro a bordo de jangadas, sempre foi submetido aos piores níveis de subserviência para o grande capital. Nos dias de hoje, há o movimento inverso de migração, acontecendo a partir do desenvolvimento econômico e educacional dos estados do nordeste.

Tal história deve nos fazer refletir e deve nos inspirar a ir à luta, pois todos os direitos conquistados ao longo dos anos estão sendo tirados de nós em diversos âmbitos sociais, sobretudo trabalhistas. A jornada de luta por nós continuou e perdura até os dias de hoje, os quais somos diariamente ameaçados por interesses de uma minoria que detém o poder e tenta nos explorar de todas as formas, mas estamos aqui, acordados!

Por: Breno Freitas, Esther Mesquita, Juliana Castelpoggi, Julya Monteiro e Luísa Machado

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